Tive o privilégio de conhecê-las em uma tarde carioca de setembro de 1998. No entanto, ao sair daquele edifício no centro do Rio, eu não sabia disso. Havia passado umas duas ou três horas com a Madame Min, de "A Espada era a Lei"; com a Bruxa Má, de "Branca de Neve e os Sete Anões"; e com uma sacerdotisa vulcana, de "Jornada nas Estrelas". E eu pensando que entrevistara uma das pioneiras do radioteatro brasileiro, atriz admirada pelo grande Chico Anysio e figura frequente de várias atrações da Rede Globo.
Esther Daniotti Borges ou Estelita Bell, seu nome artístico, era muito mais. Fazia parte da minha infância e da de milhares de crianças dos anos 1960, 1970 e 1980. A fundadora do "Teatro Farroupilha", primeiro programa do gênero no rádio do Rio Grande do Sul, me pareceu uma daquelas pessoas energéticas. Viúva do ator e diretor Pery Borges, emocionou-se várias vezes ao lembrar do marido e do carinho dos fãs dos tempos da PRF-9 - Rádio Difusora Porto-alegrense, onde começaram a carreira, e da PRH-2 - Rádio Sociedade Farroupilha, na qual atraiam enormes audiências a cada noite de domingo com aquele teatro cego, como se dizia então.
Dona Estelita tinha algo da imagem que sempre atribui à Madame Min, mais uma tia querida algo extravagante do que uma pessoa malvada.
Essa outra sequência de "A Espada era a Lei", a do duelo de magia, sempre foi a minha favorita. Depois de conhecer a pessoa por trás da voz, passei a torcer ainda mais pela Madame Min contra o Mago Merlin.
Já a Bruxa Má me apavorava em "Branca de Neve e os Sete Anões".
Agora, para quem, como eu, na adolescência, queria ser o Sr. Spock, é o máximo saber que passou uma tarde com uma sacerdotisa do planeta Vulcano, pelo menos com a voz dela.
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