sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Compactos: em pouco espaço, muitas lembranças

Elisa Kopplin Ferraretto

Às vezes, o preço de um Long Play de vinil pesava muito no orçamento. Em outras, o que a gente queria mesmo era ter apenas uma ou duas canções extraídas do LP, aquelas que as rádios selecionavam como músicas de trabalho e tocavam até a exaustão, mas sempre era bom exaurir um pouquinho mais... Então se podia contar com os bons e velhos compactos, geralmente com uma faixa de cada lado, no máximo duas. Não tinham os belos encartes com letras que a gente encontrava nos LPs, e as capas na maioria das vezes eram apenas um envelope "furado no meio". Mas como quebravam o galho!

Esta caixinha guarda os preciosos compactos que eu e o Luiz amealhamos, separadamente, em nossas juventudes, e depois juntamos, acrescentando mais umas coisinhas que compramos, juntos, em sebões ou no Brique da Redenção.


O que tem aí dentro? De tudo um pouco. A começar pelos infantis. A coleção Disquinho, que trazia maravilhosas narrações dos desenhos e filmes da Disney. As divertidas canções do palhaço Carequinha. Ou o meu inesquecível "A formiguinha e a neve", que não sei como não gastou, de tanto que o ouvi. O que me interessava não era a moral religiosa do final, quando "Deus, que houve todas as preces" salvava a pobre formiguinha que tivera um pé soterrado na neve, mas sim o jogo de palavras e de memória até chegar lá. A protagonista ia pedindo ajuda, sucessivamente, a diferentes personagens. Primeiro ao Sol: "Ó Sol, tu que és tão forte, derrete a neve que prende o meu pezinho", mas cada um respondia que havia alguém mais forte que ele. O Sol, por exemplo: "Mais forte do que eu é o muro que me tapa". E então a formiguinha ia repetindo, somando toda a ladainha: "Ó homem, tu que és tão forte, que bates no cão que persegue o gato que come o rato que rói o muro que tapa o sol que derrete a neve, desprende meu pezinho... ". Ou algo assim, pois escrevo de memória; não quero correr o risco de ouvir o disquinho e, aos 47 anos, chorar (mais uma vez) pela sorte da pobre formiguinha...




E tinha, claro, principalmente, a música. Alguns compactos traziam seleções das "mais mais" do momento, as mais tocadas no rádio. Nacionais e internacionais.



Também tinha curiosidades como essas aí de cima: o compacto do filme "Um dia de sol", reprisadíssimo na Sessão da Tarde da então TV Gaúcha, e  o de um grupo que nunca existiu. O tal The Paris Group era fake, mas a música "Grafitti", apresentada em um comercial de TV da Levis, fez tanto sucesso que se inventou um conjunto para lançar o disco. Bah, e a música (e o comercial também) era linda, mesmo.

 

Nos festivais de MPB, a gente podia contar que iam sair compactos com as principais concorrentes.



Bom... e me desculpem os puristas, mas a gente ouvia de tudo. E assistia ao Chacrinha na TV. Então gostava de ouvir estes "sucessos".


 

Nossa coleção tem coisas de mais qualidade, também, como esse compacto raro do Geraldo Vandré, com "Pra não dizer que não falei de flores", que temos em duas capas diferentes (meio enjambradas)...



 ...ou estes do semanário "O Pasquim"...



...ou da peça de teatro "Bailei na curva".



E quase esquecia "Toca Raul" do compacto da novela "O Rebu", trilha sonora do Maluco Beleza e do mago Paulo Coelho. 


Talvez um dos primeiros compactos que ouvi, ainda bem criança, tenha sido um destes do mexicano Pedro Infante, que pertencia aos meus pais. Os outros três comprei já quando adulta, porque, confesso: adoro música mexicana. Quanto mais aiaiaiaiai, melhor.


Também da minha mãe era essa raridade da Celly Campello. Um clássico!


E onde eu ouvia esses compactos? Na maior parte do tempo, foi na minha velha eletrola amarela Philips, cuja tampa era a caixa de som, mono, é claro. Segue comigo até hoje. E a do Luiz, só que vermelha, também está conosco. Ambas funcionam perfeitamente, obrigada.


Voltando aos anos 2010... e não é que os compactos renasceram? Como este aí, do roqueiro gaúcho Wander Wildner. Que beleza! bons tempos, os de ontem, os de hoje, os de sempre!!!

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