Luiz Artur Ferraretto
Nos anos 1970, alguns brinquedos garantiam aventuras e mais aventuras. Do Oeste dos Estados Unidos à África, eu podia ser o renegado Gerônimo, defendendo tribos apaches; o Cabo Rusty, sendo salvo pelo seu fiel cachorro Rin-Tin-Tin; ou um astuto guerreiro zulu a enfrentar os mais diversos perigos das selvas. Construía cidades com bloquinhos de madeira e todo tipo de geringonça com as peças de plástico do Polly, um lançamento da Fábrica de Brinquedos Estrela que fez a alegria das crianças daqueles tempos.
A inspiração vinha dos livros das bibliotecas do Instituto Cristo Rei e do Serviço Social da Indústria. Parte significativa das situações e das tramas vividas tinha origem nos gibis das editoras Abril, Ebal, RGE e Vecchi.
Não raro, minha vontade era voar como o Barão Vermelho em seu triplano. Faltavam, no entanto, as peças necessárias. Hoje, quatro décadas depois, sobrou esse avião cinza, verde e vermelho, construído tempos depois com os blocos restantes.
Outras vezes, em escala menor, criava aviões, navios e tanques de guerra, responsáveis por audazes ataques contras as tropas do Eixo. Lembro de pintar com canetinha bandeiras, de um lado, dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e da União Soviética. De outro, com certa má vontade, fazia as da Alemanha Nazista. As cidades, onde o terreno era disputado palmo a palmo como nas aventuras do Sargento Rock e da Companhia Moleza, vinham do Pequeno Engenheiro, um brinquedo produzido pela Xalingo.
Lá por 1976 ou 1977, caiu nas minhas mãos um livro que iria afetar as minhas brincadeiras: "Enterrem meu coração na curva do rio", de Dee Brown. Até hoje, no Super Fort Rin-Tin-Tin, montado ao lado da mesa de jantar, aqui em casa, os índios seguem vencendo os casacas azuis por mais que o Tenente Rip Master e o Cabo Rusty esforcem-se para manter o chefe apache prisioneiro.
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