sábado, 21 de novembro de 2015

Tarzan e as tardes da infância na década de 1970

Luiz Artur Ferraretto



Não sou propriamente um fã de Tarzan, mas, obviamente, o homem-macaco fez parte do meu imaginário infanto-juvenil. Meu e de quem se criou nos anos 1970. Oportunidades não faltavam para que Tarzan estivesse presente na vida da gente.
A primeira referência deve ter vindo dos velhos filmes com Johnny Weissmuller repetidos à exaustão na Sessão das Duas, a antecessora da Sessão da Tarde transmitida de segunda a sexta pela então TV Gaúcha. A mesma emissora passava a série estrelada por Ron Elly. A título de curiosidade, esta última aproveitava o grito original criado por Weissmuller.





Talvez, mais do que o personagem em si, eu gostasse mesmo era da sátira a ele representada pelo impagável "George, o rei da floresta", desenho animado de 1967, que a TV Difusora, de Porto Alegre, incluiu em sua programação ali por 1973 ou 1974.


Na mesma época, brinquei muito com um lançamento da Gulliver dentro de sua série dedicada à África. Tá certo que o meu bonequinho do Tarzan, visto hoje, parece ter lutado contra Tantor, o elefante, e Numa, o leão, juntos. E levado a pior. O de Jane, mais caseira, está um pouco melhor conservado. Já o da macaca Chita perdeu-se por aí. A mascote deve ter enchido o saco pelo meu descaso com ela ao longo dos anos e saiu se balançando em algum cipó.


Ainda havia, obviamente, os livros. Eu, da obra de Edgar Rice Burroughs, sempre preferi as tramas mais improváveis como as aventuras de personagens como John Carter, em Marte, ou Carson, no planeta Vênus, fora as de Korak, o filho do herói. As estórias de Tarzan que me atraem até hoje vão na mesma linha: um encontro com soldados da época do Império Romano ou um crossover com a Pellucidar das entranhas da Terra, tema de outros livros do autor. Li, no entanto, dezenas de gibis, publicados pela Editora Brasil-América (Ebal) naqueles tempos mais ingênuos.





Eu, como muitos guris daqueles tempos, gostaria muito de ter me pendurado em um cipó, indo rapidamente de um lado ao outro da selva africana, parando em alguma árvore para dar um grito de Tarzan. Adoraria ter tido uma macaca como a Chita, mas preferiria mesmo, nas minhas trapalhadas, a companhia do Garila, o inseparável amigo de George, o outro rei da floresta.

sábado, 14 de novembro de 2015

Um hino para nunca esquecer a luta contra os tiranos

Elisa Kopplin Ferraretto
Luiz Artur Ferraretto

Não há hino mais emblemático da luta pela igualdade, fraternidade e liberdade. Seja em 1789, 1941 ou 2015. Ontem e hoje, a França e La Marseillaise estão no imaginário da revolta contra a tirania. Na queda da Bastilha ou até nas ruas de Argel, com árabes conquistando na marra a sua liberdade contra a própria França. É um canto que se levanta contra um ato fascista em um boteco classudo em Casablanca ou na saída do Stade de France. Nós não somos o Charlie Hebdo ou a França. Nós somos o que este hino representa. Contra o terrorismo e a favor das esperanças no melhor que o ser humano possa gerar.




Para que cantemos juntos com o povo francês ou com qualquer povo que aspire por "igualdade, fraternidade e liberdade".

"Allons enfants de la Patrie
Le jour de gloire est arrivé
Contre nous de la tyrannie
L'étendard sanglant est levé
L'étendard sanglant est levé

Entendez vous dans les campagnes
Mugir ces féroces soldats
Ils viennent jusque dans vos bras
Egorger vos fils, vos compagnes

Aux armes citoyens!
Formez vos bataillons!
Marchons, marchons
Qu'un sang impur abreuve nos sillons

Amour sacré de la Patrie
Conduis, soutiens nos bras vengeurs!
Liberté, Liberté chérie!
Combats avec tes défenseurs
Combats avec tes défenseurs

Sous nos drapeaux, que la victoire
Accoure à tes mâles accents
Que tes ennemis expirant
Voient ton triomphe et notre gloire!

Aux armes citoyens!
Formez vos bataillons!
Marchons, marchons
Qu'un sang impur abreuve nos sillons

Nous entrerons dans la carrière
Quand nos aînés n'y seront plus
Nous y trouverons leur poussière
Et les traces de leurs vertus
Et les traces de leurs vertus

Bien moins jaloux de leur survivre
Que de partager leur cercueil
Nous aurons le sublime orgueil
De les venger ou de les suivre!

Aux armes citoyens!
Formez vos bataillons!
Marchons, marchons
Qu'un sang impur abreuve nos sillons"
Nossa homenagem às vítimas de uma sexta-feira que não irá deixar saudades.

domingo, 8 de novembro de 2015

Ruben Val, tango e parrilla no Mercado del Puerto, de Porto Alegre

Luiz Artur Ferraretto

A ideia era reproduzir o ambiente do Mercado del Puerto, de Montevidéu, em Porto Alegre. E os proprietários, o pessoal da parrilla e a equipe de garçons conseguiam. De quebra, o uruguaio Rubén Val cantava tangos, acompanhado por uma base instrumental gravada. Do prédio às margens do Rio da Prata, na capital do Uruguai, emprestava o nome. Ficava na Cairu com Benjamin Constant e, para a Elisa e eu, moradores de Canoas, era de fácil acesso. O Edson, que cuidava do estacionamento, correndo de um lado para o outro, sempre arrumava um lugarzinho para o nosso fusca ano 1975, azul marinho, e, mais tarde, para o Fiesta, vermelho Ferrari, primeiro zero quilômetro comprado por nós.


Os garçons, as garçonetes ou o dono tinham a sinceridade de dizer: "Hoje, não recomendo o assado" ou "Hoje, o assado está perfeito".
Fora as memórias, sobrou pouco do Mercado del Puerto, de vários salões, sufocado por obras intermináveis no entorno. Em um deles, uma noite, ouvimos a rainha do rádio gaúcho Maria Helena Andrade e o flautista Plauto Cruz. Um show. Anos depois, descobrimos que Rubén Val tinha sido figura mítica na Porto Alegre dos anos 1970 com suas casas noturnas de bons vinhos, tangos e comida a não decepcionar ninguém. Dele, guardei um "Top Cultura", programa gravado, em outubro de 1997, pelo Pedro Perurena, meu aluno na época e frequentador do Mercado del Puerto. É uma recordação também do antigo Telecentro da Universidade Luterana do Brasil e do circuito interno de televisão, que alimentávamos com a produção dos alunos da Oficina de TV ligada ao curso de Comunicação Social. Um trechinho, então, do Rubén Val cantando "Caminito":


Assistindo ao vídeo e olhando estas fotografias achadas na internet, dá até para sentir um gostinho dos "asados" e dos "postres" daqueles almoços, jantares e ceias.