A primeira referência deve ter vindo dos velhos filmes com Johnny Weissmuller repetidos à exaustão na Sessão das Duas, a antecessora da Sessão da Tarde transmitida de segunda a sexta pela então TV Gaúcha. A mesma emissora passava a série estrelada por Ron Elly. A título de curiosidade, esta última aproveitava o grito original criado por Weissmuller.
Talvez, mais do que o personagem em si, eu gostasse mesmo era da sátira a ele representada pelo impagável "George, o rei da floresta", desenho animado de 1967, que a TV Difusora, de Porto Alegre, incluiu em sua programação ali por 1973 ou 1974.
Na mesma época, brinquei muito com um lançamento da Gulliver dentro de sua série dedicada à África. Tá certo que o meu bonequinho do Tarzan, visto hoje, parece ter lutado contra Tantor, o elefante, e Numa, o leão, juntos. E levado a pior. O de Jane, mais caseira, está um pouco melhor conservado. Já o da macaca Chita perdeu-se por aí. A mascote deve ter enchido o saco pelo meu descaso com ela ao longo dos anos e saiu se balançando em algum cipó.
Ainda havia, obviamente, os livros. Eu, da obra de Edgar Rice Burroughs, sempre preferi as tramas mais improváveis como as aventuras de personagens como John Carter, em Marte, ou Carson, no planeta Vênus, fora as de Korak, o filho do herói. As estórias de Tarzan que me atraem até hoje vão na mesma linha: um encontro com soldados da época do Império Romano ou um crossover com a Pellucidar das entranhas da Terra, tema de outros livros do autor. Li, no entanto, dezenas de gibis, publicados pela Editora Brasil-América (Ebal) naqueles tempos mais ingênuos.
Eu, como muitos guris daqueles tempos, gostaria muito de ter me pendurado em um cipó, indo rapidamente de um lado ao outro da selva africana, parando em alguma árvore para dar um grito de Tarzan. Adoraria ter tido uma macaca como a Chita, mas preferiria mesmo, nas minhas trapalhadas, a companhia do Garila, o inseparável amigo de George, o outro rei da floresta.